DIA DO ÍNDIO: PROJETO CURUMINS


Dia do índio: projeto Curumins aproxima alunos do DF da cultura indígena

Tribo Fulni-ôs apresenta danças e costumes nos encontros. Iniciativa vai percorrer 20 instituições de ensino até dia 26 deste mês.


Por Maria Ferreira*
 
Projeto Curumins mostra a importância do povo indígena para a construção do Brasil — Foto: Maria Ferreira/G1
Nesta sexta-feira (19), data em que se comemora o Dia do Índio, eles querem ser lembrados não somente pelo artesanato e pinturas no corpo, mas, sim, pela resistência e importância na formação do país. Por esse motivo, um projeto chamado Curumins está percorrendo as escolas do Distrito Federal para mostrar a cultura da tribo pernambucana Fulni-ô.
Desde a última quarta-feira (10), integrantes da tribo têm trocado conhecimentos com alunos de instituições públicas e privadas. A iniciativa se estenderá até o dia 26 deste mês e passará por 20 unidades de ensino.
"É uma oportunidade que os alunos têm para quebrar a barreira do que só é visto nos livros", disse um dos idealizadores do projeto, Pablo Ravi.
G1 acompanhou a visita feita à Escola Parque 303/304 Norte. Na ocasião, a estudante Maria Eduarda Duarte, de 10 anos, conversou com a reportagem e disse que a experiência vivida no encontro mostrou uma realidade diferente da que ela leu nos materiais didáticos.
"A gente aprendeu mais sobre os índios. O que mostra nos livros é diferente. Neles, só tem dizendo que os portugueses chegaram e acharam os índios."
Para Walê, o cacique da tribo Fulni-ô, esses encontros ajudam a resgatar a história e desmistificar a figura do índio.
"[O projeto] nos ajuda a aconselhar os jovens e as crianças a verem os índios de outra maneira. Os livros contam de um jeito, a gente aqui conta diretamente a nossa história. O objetivo desse projeto é trazer o índio mais próximo das crianças."

Durante a experiência, os idealizadores e arte-educadores Pablo Ravi e Daniel Santos promovem uma palestra lúdica para as crianças e depois dão voz aos integrantes da tribo. Os dois têm experiência profissional na Fundação Nacional do Índio (Funai).

Ao longo da visita, os alunos também conheceram as ferramentas usadas pelos índios no dia a dia, além dos brinquedos que permeiam a infância das crianças da tribo, como bonecas e remos de barco.
Danças e cantos – como os rituais do guerreiro e do casamento – também foram apresentados aos estudantes. Os alunos Escola Parque 303/304 Norte tiveram a oportunidade de conhecer o cântico da união dos povos e ainda entraram na roda de dança.
O coordenador do turno vespertino da escola, Davi Abreu, contou que foi uma "honra receber o projeto":

"Durante a nossa história, tivemos visões diferentes de como os indígenas foram tratados. Não tem comparação ver a cultura viva".

Artesanato

O artesanato, rico em cor e talento, também é marca registrada dos Fulni-ôs. Toda vez que visitam as cidades, levam os objetos para serem vendidos.

São brincos, pulseiras, anéis, colares, objetos de cozinha esculpidos em madeira, bolsas e muitos outros itens produzidos por eles.

Artesanato é uma das principais fonte de renda das famílias Fulni-ô — Foto: Maria Ferreira
O índio Tafkya, de 21 anos, explica que a interação com o "mundo fora do mato", além de ser uma troca de experiências, tem sido importante para o sustento das famílias.
"O que arrecadamos aqui é para ajudar nossas famílias lá. Quando voltamos, levamos alimentos e dinheiro para comprar as coisas lá."

Projeto Curumins

Há mais de 20 anos, o projeto Curumins promove interação entre alunos, professores e os Fulni-ôs. O objetivo é fazer com que as crianças se familiarizem com a realidade de um dos povos que ajudaram a formar a base da sociedade brasileira.
Ao longo desse período, a iniciativa já passou por mil escolas do DF e realizou 2 mil apresentações.
Alunos da Escola Parque 303/304 Norte receberam o Projeto Curumins — Foto: Maria Ferreira

Documentário Curumins

A novidade do projeto neste ano é a exibição do documentário Curumins. Por meio do curta – projetado nas escolas –, os alunos conseguem ver como vivem outras tribos do país, como é o caso da Kamayura, no Mato Grosso. A comunidade tem cerca de 500 índios que vivem da pesca, da caça e do que plantam.
O curta, de 16 minutos, também mostra a tribo Fulni-ô – que reúne mais de 6 mil índios em Águas Belas, em Pernambuco. Lá, a tribo sobrevive de artesanatos e de serviços feitos na cidade e na própria aldeia.

O documentário tem direção, roteiro e trilha sonora de Pablo Ravi. A produção é da Associação Cultura Candanga.